quarta-feira, 23 de abril de 2014

Reportagem do Jornal Correio do Minho




Jornalista: Costa Guimarães


É bom viver no Bairro das Andorinhas

O Bairro Social das Andorinhas, na freguesia de São Vicente, viveu de forma ímpar a Festa da Páscoa que termina amanhã à noite com um espectáculo musical com a participação de Zé Amaro. Situado no coração da cidade de Braga, freguesia de São Vicente, o Bairro das Andorinhas foi criado em 1983, é constituído por 33 prédios de habitação, e neles habitam cerca de 1000 pessoas. Para além das habitações o bairro possui lojas, um ringue polidesportivo, um parque infantil e um espaço de ginástica de manutenção.

A grande festa da Páscoa teve início com a Procissão e a Via Sacra. No sábado decorreu a festa para as crianças do Bairro das Andorinhas, durante a tarde e à noite reviveu-se o tradicional “rebentamento do Judas” seguido de uma sessão de fogo-de-artifício. No domingo de Páscoa os moradores andorinhenses receberam entusiasticamente em casa a visita Pascal.

Uma das inovações relativamente aos anos anteriores acontece amanhã, pelas 22 horas, com a actuação do cantor Zé Amaro, num palco instalado no centro do Bairro. Esta iniciativa inédita resulta de uma união de esforços e muito boas vontades dos membros da Associação de Moradores do Bairro das Andorinhas, da Comissão de Festas e Confraria das Andorinhas.

Associação de Moradores do Bairro das Andorinhas (AMBA) surgiu com o objectivo de detectar e combater os problemas existentes no Bairro, promovendo o diálogo permanente entre os moradores e as instituições públicas, designadamente a Câmara de Braga, a Junta de Freguesia de São Vicente, e a empresa municipal BragaHabit.

A AMBA permite a todos os moradores aceder a uma área didáctica, de lazer e recreio, uma área de informática, que tem como intuito estimular os jovens para novas práticas e ocupá-los nos seus tempos livres. A sede conta com um amplo espaço onde permite um bem-estar aos seus associados e moradores.

Com a remodelação da sede, foi possível a criação de um espaço para o atendimento personalizado ao morador do Bairro, para que este possa expor todos os seus anseios ou problemas.
Esta Associação, com muito trabalho e o contributo de todos, o Bairro das Andorinhas assume-se como um lindo exemplo de excelência na área social na cidade, mercê da participação activa dos seus 300 associados.

Centenas vivem a Via-Sacra mágica

O Bairro das Andorinhas assumiu na noite de sexta-feira um rosto mágico com a realização da Via-Sacra em que participaram várias centenas de pessoas. Outras ficaram às janelas dos prédios do Bairro, associando-se a esta jornada de fervor e fé.
As janelas dos prédios iluminavam-se com pequenos círios ou velas, iguais às que eram empunhadas pelas várias centenas de pessoas que palmilharam as ruas do Bairro, ao longo das quais viveram activamente as 14 estações da Paixão de Cristo.

As catorze estações, assinaladas com os quadros da Paixão de Cristo, colocados em locais estratégicos do Bairro, assinalados com fogaréus, foram percorridas pelos fiéis com velas na mão, liderados pelo Pároco de S. Vicente, com vários figurantes da Paixão, como soldados romanos, a Verónica e o Cristo que carregou a Cruz, com os pés descalços.

A Via-Sacra mostrou aos mais incrédulos que um Bairro se faz de gente, com crianças, adultos e idosos que habitam aqueles prédios, brincam naqueles jardins e palmilham aqueles passeios, têm sentimentos e fé capazes de noites de magia e esplendor como o da última sexta-feira.
É assim que faz sentido um Bairro e muito do mérito da nova realidade deve-se à Associação de Moradores e à Confraria das Andorinhas que uniram gestos, energias e afectos para realizar uma Festa da Páscoa diferente, lançando-se na organização, pelo segundo ano consecutivo de uma Via-Sacra.

É um primeiro momento alto da vida celebrada na Páscoa, preparando a Visita Pascal (Domingo, com duas cruzes) que estava a perder vitalidade e criando momentos de alegria em tempos de dificuldade, com música, prendas para as crianças e uma celebração solene da Eucaristia (na manhã da passada segunda feira).

Para amanhã, está previsto um outro momento alto com um espectáculo pelo cantor Zé Amaro que vai levar ao delírio os moradores do Bairro com o seu "Malhão do Beijo” e outras cantigas.

Flávio Vieira é o presidente da Associação de Moradores do Bairro das Andorinhas (AMBA).
Fundada em 1984, um ano após a conclusão do Bairro, a AMBA mostrou-se muito activa na dotação de equipamentos e mobiliário urbano no Bairro mas o entusiasmo da equipa fundador foi esmorecendo pelo cansaço acumulado. Situado no coração de Braga, o Bairro das Andorinhas começou a ser habitado em 1983, sendo constituído por 32 prédios de habitação. Além disso, o Bairro possui lojas de comércio, estando ali sedeadas diversas associações. Há quase uma década e meia, em 2000, uma nova equipa deu novo fôlego à AMBA que possui uns 250 associados que pagam uma quota anual de oito euros.

Andorinhas: uma lufada de ar fresco

Além de conseguir a requalificação de todo o Bairro, em 2004, ponto de passagem para o Estádio de Braga, durante o Europeu de Futebol, os espaços verdes foram enriquecidos com parque infantil, parque de ginástica e um ringue que “agora queremos lutar para ter um piso sintético” - lembra Flávio Vieira que lidera uma equipa com 18 elementos.

A sede é um espaço cedido pela BragaHabit e dispõe de sala de jogos para os idosos enquanto as crianças e jovens têm ao seu dispor um conjunto de computadores para estudar e alargar os seus horizontes. A sede da AMBA está aberta todos os dias, a partir das 16 horas.
Além de um subsídio da Junta de Freguesia de S. Vicente, a AMBA recebe o apoio de autocarros do município para a organização dos seus passeios.

Flávio Vieira é um presidente satisfeito com a “adesão e participação dos moradores do Bairro das Andorinhas nas nossas iniciativas”, destacando as Festas de Natal e Páscoa. Nestas duas datas são organizadas iniciativas que envolvem “prendas para umas oitenta a cem crianças até aos dez anos” que se deliciam com os parques insufláveis, o lanche e as prendas. Estas e outras iniciativas são divulgadas pelo Jornal das Andorinhas, numa parceria com a associação Ágora Bracarense.

Flávio Vieira, um bombeiro da Companhia de Sapadores de Braga, instado a dar conta de algumas carências do Bairro, mencionou a necessidade de “fazer uma reforma da pintura externa dos edifícios onde vivem cerca de mil pessoas”.
A Confraria das Andorinhas nada tem a ver com alguma devoção religiosa, mas sim com o gosto da boa gastronomia.

Constituída por 24 elementos que pagam uma quota anual de dez euros, a Confraria preocupa-se com a divulgação dos principais pratos da gastronomia bracarense, entre eles o bacalhau e o arroz de frango pica-no-chão.

Pertence à Federação Portuguesa de Confrarias Gastronómicas, com estatuto de observador, há seis anos, tendo sido fundada a 3 de Maio, por decisão de um grupo de amigos que se juntavam para umas jantaradas. É no seio desta Confraria que surge uma sociedade do Euromilhões para ajudar elementos com algumas necessidades.

Jorge Marques e seus pares observam que a visita pascal estava a “perder vitalidade e decidiram dar o seu contributo para a melhorar”. Foi assim que nasceu a parceria com a AMBA para “assumirem, numa primeira fase a visita pascal, integrando as equipas de compasso, e depois dar um brilho diferente à celebração desta quadra no Bairro das Andorinhas”.

Após estes dias de festa e empenho de todos os moradores, “que nos deixa muito satisfeitos, bem podemos afirmar sem medo de ser desmentidos que é bom viver no Bairro das Andorinhas” - assegura Jorge Marques.
Em resultado desta parceria, explica Jorge Costa, vice-presidente da AMBA, “no ano passado surgiu a ideia de organizar uma Via-Sacra ao vivo e correu muito bem. A visita pascal é feita com duas cruzes, cujos elementos são oriundos da AMBA e da Confraria das Andorinhas”.

Jorge Marques, presidente da Confraria revela outro segredo do sucesso: “procuramos integrar elementos de todo o Bairro na Comissão de Festas da Páscoa. Somos 16 pessoas, dez homens e seis mulheres, um representante de cada dois prédios, em média. Os moradores, de uma maneira ou de outra, estão bem envolvidos nestas iniciativas”.

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